quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Olá!
Espero que vocês tenham tido um ótimo Natal ao lado das pessoas queridas, lembrando-se com amor do aniversariante: Jesus Cristo.
Desejo a todos um Ano Novo repleto de alegria com muitas realizações!  

A partir de 2013, volto a conversar com vocês! Até sempre!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012


O Maior Brasileiro de Todos os Tempos

Muito interessante essa ideia desde que a votação não permitisse que a pessoa votasse quantas vezes quisesse. Por causa disto, eu fiquei horrorizada ao ver o resultado dessa votação. Eu e muita gente! Cheguei à triste realidade de que os brasileiros, na sua maioria, não sabem o que é ser uma pessoa desprovida de vaidade, que se dedica a uma causa justa sem desejar recompensa para si e que seja patriota a ponto de morrer pela Pátria. Patriota, palavra desconhecida da maioria dos brasileiros de hoje. A prova disto é que a maioria não votou por merecimento e sim por simpatia.
Votar em artistas, esportistas e outros profissionais que se tornaram famosos e ricos por causa de seu talento é inadmissível.
E os políticos? É preciso que seja lido o currículo verdadeiro deles, sem omitir as mazelas, as falcatruas e as corrupções instaladas durante o governo. Um presidente que nada vê não podia ficar isento de responsabilidade.
Lamento que tantos brasileiros de grande valor tenham sido esquecidos!
Quanto à Irmã Dulce e ao Chico Xavier viveram para proteger os pobres, mas esta é a obrigação de quem se despe dos valores materiais para dedicar-se àqueles que precisam de ajuda, seguindo os ensinamentos de Cristo e colocando Deus acima de tudo. A eles o respeito e a gratidão do povo.
No meu entender, tirando os religiosos, ficaram três nomes livres de qualquer compromisso com lucros financeiros: Princesa Isabel, Santos Dumont e Tiradentes.
Princesa Isabel, ao assinar a Lei Áurea, sabia que a realeza teria fim no Brasil. Assim mesmo agiu em defesa dos escravos.
Santos Dumont era um homem rico e sonhador que graças à sua inteligência e às facilidades financeiras trabalhou em seus inventos e mostrou ao mundo que um aparelho mais pesado do que o ar podia voar.
Tiradentes, Mártir da Independência, demonstrou amar seu povo e sua terra com muita intensidade. Ele queria um povo livre, sem a opressão dos portugueses. Estes maltratavam a classe pobre, levavam para Portugal as riquezas do Brasil entre outros absurdos.
Tiradentes participou de um movimento em Minas Gerais – a Inconfidência Mineira – formada por verdadeiros patriotas.
Tiradentes assumiu toda a responsabilidade do movimento para que seu ideal não morresse junto com ele. Foi enforcado, tendo o corpo, esquartejado no dia 21 de abril de 1792. O sangue desse patriota não se derramou em vão porque a chama da Independência continuou espalhando-se por todo o País até o dia 7 de setembro de 1822 quando D. Pedro I proclamou a Independência do Brasil.
Tiradentes, homem simples, é considerado Patrono Cívico do Brasil e Herói Nacional. 21 de abril, dia de sua morte, Feriado Nacional.
Por tudo isso e muito mais, em minha opinião “O maior brasileiro de todos os tempos” é Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

terça-feira, 3 de julho de 2012


Ainda “Cheias de Charme”

Outro dia ouvi uma repórter dizer para a Joelma, cantora da Banda Calypso, que ela era a musa ou algo semelhante de Chayene, a mau caráter do ótimo folhetim de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, “Cheias de Charme”. A cantora sorriu. Aquele sorriso demonstra que Joelma não assiste à novela.
Ser comparada a personagem Chayene não é um elogio, pois ela representa o que há de pior no ser humano: crueldade, arrogância, inveja; além disso, maltrata as pessoas que a amam e que para ela trabalham; é capaz de fazer qualquer coisa para alcançar seu objetivo. 
Até agora os autores não estão permitindo que as maldades da cantora alcancem as “empreguetes”, personagens visadas por ela. E o resultado dessas investidas é sempre engraçado. Faz tempo que não vejo tal estratégia em folhetins. Isto agrada ao telespectador.  
Por outro lado, acredito que as cantoras nordestinas não devem apreciar Chayene, que entre tantos defeitos tem um linguajar muito chulo.
Parece que Chayene está melhorando seu comportamento. Será? Vamos ver o que acontecerá no próximo show de Chayene com as “empreguetes”?

sábado, 23 de junho de 2012


Uma novela diferente: “Cheias de Charme” – TV-Globo

 “Cheias de Charme”, de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, é sensacional. Foge do lugar comum. Os autores estão apresentando personagens diferentes e texto ótimo. “Cheias de Charme” até hoje só tem agradado ao telespectador que aprecia histórias bem boladas sem os chavões de quase todos os folhetins. Ele já se cansou de dramalhões, cenas eróticas, vários personagens fazendo o mal do princípio ao fim da novela e sendo bem sucedidos em suas ações maquiavélicas. Isto sem falar na impunidade dos culpados. É decepcionante para o telespectador ver que nem no mundo do faz de conta, os malfeitores recebem punição.
Esta novela substituiu “Aquele Beijo”, de Miguel Falabella, que teve um final perfeito: felicidade para os bons e castigo para os maus.
Miguel Falabella e os demais autores de “Aquele Beijo” continuam sendo aplaudidos pelo telespectador que ama a justiça e um belo espetáculo.
Não é necessário especificar este ou aquele intérprete nem os demais responsáveis por essas novelas. Todos os que estão trabalhando em “Cheias de Charme” e os que marcaram presença através de seu trabalho em “Aquele Beijo” são merecedores de elogios. Parabéns autores e equipe das duas novelas!
Aqui entre nós, tomara que Chayene se redima ou enlouqueça antes do último capítulo. Desse modo o ritmo da trama será mantido.

quarta-feira, 11 de abril de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


“Acredito que os cães podem falar, mas para não se envolverem nas mazelas humanas, preferem latir.”     Victor Hugo  *   



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De vez em quando, fico perto de Cacau e Kika. Esta quando me vê se afasta da gente. Aí, aposto corrida com a Cacau. É lógico que ela ganha a competição. Pudera! É muito maior do que eu! Nelma diz que Kika é bonita, tem olhos tristes e sonhadores, seus pelos foram pintados com delicadeza. Eu digo que Cacau é linda, tem olhos alegres e atrevidos, seus pelos foram pintados numa só cor em nuanças harmoniosas.
O banho das duas do quintal acontece em nossa casa. Por que falei banho? Lembro-me de Melissa, responsável pelo meu sufoco semanal. Felizmente, minha dona não pode ler pensamentos e, assim, não fica brava comigo, pois considera Melissa uma excelente profissional. Como dizem: “Pimenta nos olhos dos outros não arde”.
Kika e Cacau tomam banho numa boa. Nelma e Ju encarregam-se da higiene delas. Depois de secas, usam um perfume que foi comprado pra mim.
Nós três temos algo em comum, compreendemos a linguagem do pessoal de casa. Eu mais do que elas. Minha dona justifica isso dizendo que é por causa da convivência que tenho com o ser humano. Imagine! Discordo dela. Entendo as pessoas e me faço entender por ser muito inteligente. Algumas até conversam comigo. Mas Nelma é a única que se familiarizou com meu modo de transmitir o que pretendo. Ela afirma: “Os cães falam na linguagem deles.”
Zeus ainda não voltou pra casa. Toquinho e Coda continuam se estranhando. Quando Toquinho vai passear com seu dono usa coleira e guia. Fica tão importante!... 
Estou com um ano e três meses e ainda faço arte, minha dona reconhece que é com moderação. Mudei bastante. Se repreendido, eu obedeço.
Será que me transformarei no cãozinho sonhado pela Nelma? Francamente, não sei! O tempo dirá. Ah! Ia me esquecendo. Minha dona diz que sou muito inteligente. Afinal, reconheceu o que sempre esteve tão claro. Só não diz se sou mais inteligente do que o Tostão. Epa! Agora, fui eu que me lembrei dele. Deixa pra lá!
Eu e Nelma agradecemos ao professor André as belas fotos que ilustraram esta história.
Amigos, eu estou triste, pois nossos encontros terminaram. Foi rápido o período em que passamos juntos na telinha dessa invenção maravilhosa, o computador.
Gostaria de saber o que acharam do cachorrinho mais levado do planeta e... quase perfeito. O que vocês disserem, Nelma revela pra mim. Acreditem!
Assim que tiver novidades, volto pra lhes contar. É uma promessa!
Até de repente e não se esqueçam do Yan! Tchau!... au... au... au...

“Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo de um animal. E nesse dia todo o crime contra um animal será um crime contra a humanidade.” Leonardo da Vinci *  *

* Escritor, poeta e dramaturgo francês.
* * Pintor, inventor, engenheiro, matemático, escultor, naturalista, poeta e músico italiano.

segunda-feira, 9 de abril de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


“Dos cães, às vezes, perdemos a confiança, nunca o amor! Mas sempre nos perdoam, pois sabem que somos imperfeitos.”    André Dorta   *




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Gente, eu reconheço que fui terrível! Agitação e teimosia fizeram parte de minha infância. E Nelma sempre agiu como se fosse um guarda-costas do sexo feminino! Vocês precisam vê-la em ação: anda perto de mim, corre quando eu corro, para quando eu paro, tenta não me deixar abocanhar nada. É ou não é guarda-costas? Isto acontece até hoje. Pois bem, numa noite, ela vacilou. Quando tirou o que restava da planta de minha boca, eu já engolira uma folha. Na madrugada, acordei e lati durante quatro horas sem parar. Tudo que Nelma fez pra me acalmar foi em vão. Lembrou-se da tal planta e supôs que meu comportamento fosse causado pela ingestão da mesma. Em voz alta, indagou: “Será que o Yan engoliu uma planta alucinógena?” Após passar aquelas horas de horror, dormi o dia inteiro e quase não me alimentei. À noite, ainda ouvi:
– O Tostão nunca fez algo que colocasse sua vida em risco, e você ultimamente não faz outra coisa!
Tostão de novo? Minha dona não se esquece dele nem me deixa esquecê-lo. Mas existe algo que faço, e ele não fazia. Quando sinto fome, levo meu pratinho até onde Nelma está. Ela sorri, pois sabe o que eu quero. Vai à dispensa e põe ração no prato. Embora não goste de comê-la pura, devoro-a num instante. Quem aguenta ficar com o estômago vazio?
-- * --
Minha dona também não é perfeita. Prometeu-me uma a festa de aniversário e não cumpriu com a promessa. Nem se justificou por que falhou comigo.
Puxa! Eu não devia reclamar! Nelma mudou um de seus costumes por minha causa. Dormia tarde e levantava-se tarde. Hoje, às sete horas, basta eu pôr as patinhas dianteiras em sua cama, do lado em que ela está, e latir baixinho que se levanta e me leva ao quintal. Apesar de fazer minha vontade, não perdeu o hábito de reclamar.
Kika e Cacau amam a Nelma e são correspondidas. Eu prefiro a Cacau. Ela demonstra gostar de mim. As duas cachorras dão-se muito bem. Sempre as vejo atravessando o quintal em disparada. Brincando ou descansando, as duas percebem qualquer barulho estranho e logo avisam latindo sem parar. Infeliz de quem entrar no quintal sem ser convidado! Uma novidade: Cacau parou de fazer arte.
No próximo capítulo encerro minhas confidências que envolveram vários vizinhos. E por falar em vizinho, o Zeus está sendo adestrado numa cidade perto daqui. Às vezes, vem passar o fim de semana com o dono.

Na 4ª–feira, nosso derradeiro encontro.
* Professor e consultor de Informática nascido em São Paulo.


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

sexta-feira, 6 de abril de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

“Somente o animal doméstico, cão ou gato, ama sem impor condições, sem limite de tempo, sem cobrança; apenas ama e zela!”   Neide Martins  *



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Se eu desejo algo, mordo de leve no calcanhar de quem estiver perto de mim. Nelma entende o significado desse gesto e reclama afirmando que o Tostão latia de modo diferente pra pedir o que desejava, e Dandara falava com os olhos.
Vocês estão percebendo quantas vezes minha dona cita o Tostão? E agora acrescentou a Dandara. Será que também vou ser comparado à gata? Animal que eu detesto! Era só o que me faltava! 
-- * --
Ainda não descrevi a aparência das duas do quintal. Kika, comprida e baixa, tem o corpo coberto de pelos brancos com pintas pretas, as orelhas e em volta dos olhos os pelos são pretos. Cacau, todinha da cor de mel, focinho preto, esguia, é grandona.
Eu constantemente as observava no quintal. Notei que naquele lugar, muito maior do que a varanda, meu território, teria oportunidade de correr bastante. Bolei um plano. Parei de fazer as necessidades fisiológicas. Nelma pensou em levar-me à médica; antes, porém, resolveu submeter-me a um teste. Em seu colo, fui ao quintal. Logo que me soltou, corri, fiz bastante xixi, em seguida, cocô. Ela concluiu que mais uma vez consegui impor-lhe minha vontade. Valeu! Eu ia percorrer um espaço grande. Só não podia brincar com a Cacau. Nessas ocasiões, Kika e Cacau ficavam presas no quarto da bagunça de olho em mim, através da grade de um pequeno portão de ferro aproveitado da antiga horta.
Quando serei digno de confiança? Livre da vigilância de minha dona e de outras pessoas podendo correr pelo quintal ao lado de Cacau, pois a Kika nunca brincou comigo. No entanto não é tudo que existe no quintal que eu gosto. Escorregar na rampa é ruim! Ela foi construída na época em que Luma adoeceu e não conseguia subir o degrau alto que a levava à sua casa.
Nelma coloca-me deitado na parte superior da rampa e com um leve empurrão em minhas costas, eu deslizo até embaixo. Pra completar meu aborrecimento, ri de mim. Brincadeira de mau gosto! Assim que posso, saio dali correndo. Do quarto da bagunça, Cacau e Kika observam a gente. Queria saber o que elas pensam sobre isso. É lógico que nunca vão me dizer!

Eu tenho guarda-costas. Vejam o que vai acontecer na 2ª-feira (09/04/12)
* Escritora, jornalista e advogada nascida em Minas Gerais.

quinta-feira, 5 de abril de 2012


Volto às novelas da TV-Globo: “Fina Estampa” e “Aquele Beijo”

“Fina Estampa”, de Aguinaldo Silva e colegas, finalmente acabou, mas ficou inacabada. Ruim foi a vilã Teresa Cristina aparecer no último capítulo dentro de um carro. E quem a viu? Sua inimiga Griselda.
Estamos numa época de falta de punição, mas não é por isso que as novelas têm de imitar a realidade. O Clô ainda brincou com o telespectador não revelando seu misterioso amante, outra bobagem.
As pessoas que eu conheço e que acompanharam o folhetim não gostaram, principalmente do último capítulo. Então a opinião de fraca não é somente minha! E o interessante é que em programas televisivos, escutei elogios a essa novela.
O folhetim, “Aquele Beijo”, de Miguel  Falabella e outros, às 19h,30, horário em que a garotada está assistindo à televisão, abusou de tentativas de assassinato contra parentes.
A cena em que filha e irmã de Deusa, a milionária, tramam sua morte foi chocante. Rapidamente, o assassino de aluguel fez o serviço. Se a filha vai se arrepender ou não de ter concordado com o assassinato da mãe, e se esta vai viver ou não, é irrelevante, o que ficou latente foi o gesto da desalmada filha e da vingativa irmã de acabar com a vida de Deusa.
Nesta mesma novela, irmã e sobrinha tentaram matar irmã e tia respectivamente também por causa de dinheiro. Poxa! Num mesmo folhetim, cenas semelhantes, repetindo-se ganância e crueldade de pessoas que têm um único objetivo: dinheiro. Isto é péssimo para crianças e adolescentes que estão acompanhando a novela! Neste horário, as tramas não deviam ter cenas picantes e/ou criminosas!
“Aquele Beijo”, novela que podia ser sensacional do princípio ao fim, só não foi por abusar de crimes, aliás, por que os autores acrescentaram o atentado contra Deusa? Já não bastavam as maldades de Olga e de sua filha, de um advogado inescrupuloso, de um bandido colombiano e de outras pessoas de índole má que fizeram parte da trama?

Amanhã, 6ª-feira, não percam o 15º capítulo de “Meu nome é Yan” (Sou o cachorrinho mais levado do planeta).

quarta-feira, 4 de abril de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


“Ninguém pode queixar-se da falta de um amigo, podendo ter um cão.”
Marquês de Maricá  *





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Embora não aprovasse as palavras de Nelma, continuei deitado perto dela. Sabia que suas reclamações eram da boca pra fora. Todavia, demonstrou que estava sentida comigo. Sua voz parecia de pessoa cansada. Lamentou:
– Yan já é adulto e continua levado!
– Ele acabou de completar um ano! – defendeu-me Mara.
– Outro dia, de manhã, puxou a tolha da mesa, e a louça do café foi parar no chão. Prejuízo e sujeira. O Tostão na idade dele não mexia em nada!
– Os animais também são diferentes! O Yan vai mudar. É questão de tempo.
– Já cansei de esperar pela mudança que não vem!
– Não fale assim! Meu afilhado é uma gracinha!... Muito lindo!
Mara não percebeu que me fez feliz, pois naquela altura eu me encontrava arrasado! Aí, escutei:
– O Tostão era mais inteligente do que o Yan!
Hum! Piorou minha situação. Detesto ser comparado a outros cachorros, principalmente ao Tostão. Que nomezinho feio! Quanto mais Nelma o elogia, mais aumenta em mim a vontade de ser diferente dele! Não pensem que sinto ciúme? Minha dona normalmente me trata muito bem e sabe que sou seu amigo de verdade, o mais sincero, o mais presente. E apesar de eu não ser bebê, ela de vez em quando me olha com carinho e pergunta:
– De quem é o mais lindo bebê cãozinho do mundo?
-- * --
Deitado na sala, eu me recordei da noite em que degluti um veneno que parece giz. Foi feito pra ser riscado nas partes internas das portas dos armários e nos lugares onde as baratas invadem as casas. Os pequenos pedaços que sobravam, Nelma jogava-os no interior dos armários.
Era noite, eu abocanhei um pedacinho desse veneno que caiu do armário. Minha dona viu. Tentou tirá-lo de minha boca, mas não adiantou, já tinha engolido. Aí, sim, a pobre viu a “viola em cacos”, pois achava que eu ia morrer! Chorou sem saber o que fazer. A sorte é que vomitei. Ela então me deu um pouco de leite. Após bebê-lo tornei a vomitar. Mesmo sabendo que os vômitos limparam meu estômago, Nelma pedia que os Santos protetores dos animais me salvassem. Coitada! Sofre demais por causa de minhas travessuras! Mas não me dá pra ninguém! E eu não quero outra dona! Apesar de nossas divergências, não podemos ficar longe por muito tempo.

Brincadeira de mau gosto na próxima 6ª-feira.
* Escritor, filósofo e político nascido no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 2 de abril de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

“Cães têm uma forma de encontrar as pessoas que deles necessitam, preenchendo um vazio que nem sequer elas sabem que tem.”    Thom Jones * 




13


Em uma noite enluarada, eu, minha dona e Clô estávamos na varanda. Depois de andar um pouco, de cheirar as plantas, deitei-me aos pés de Nelma. Esta falou emocionada: “O Yan deu vida a minha vida!” Gostei, porém causou-me admiração, pois repreendia meus atos e fazia queixas de mim. Com certeza, desejava que eu fosse um cãozinho educado...
Nelma tem diversas manias. Uma delas: Quando se encontra no escritório trabalhando não gosta de ser interrompida. Certa vez, estava mergulhada no computador, e eu queria brincar. Entrei no escritório correndo e latindo na tentativa de chamar sua atenção. Pra livrar-se de mim, deu-me um ossinho. Má ideia! Não demorou e se arrependeu do que fez. 
Vocês conhecem osso próprio pra cães? O ossinho que recebi era do meu tempo de bebê e estava esquecido em minha gaveta. Eu tenho uma gaveta pra guardar meus pertences. Nelma entregou-me o osso a fim de que a deixasse em paz. Mais tarde lembrou-se dele e foi procurá-lo. Vasculhou a casa e não o encontrou. Olhou-me com expressão de dúvida e perguntou:
– Yan, você engoliu o ossinho?
É claro que não obteve resposta. Calado estava calado permaneci. Ela ficou desesperada ante sua suspeita.
No exato momento em que eu era indagado a respeito do osso, minha madrinha chegou. Ao saber do ocorrido, abriu-me a boca, apertou-me a garganta e concluiu que eu tinha engolido o osso. Nelma mais desesperada ficou.
Mara acertou, o osso desceu e parou no estômago. Foi sem querer, juro! A madrinha procurou acalmar a amiga dizendo que o osso não me causaria dano, ia desmanchar-se antes da primeira evacuação. Minha dona continuou nervosa. E eu não entendia o motivo de tanto barulho.
– Quando o Yan vai tomar jeito? – perguntou irritada.
– Tenha paciência, Nelma! Lembra-se do cãozinho de minha sobrinha, o Baco, da mesma raça do Yan, que de vez em quando passa uns dias comigo?
– Impossível esquecê-lo! É um Shih-tzu lindo e comportado! Muito diferente do Yan!
– Baco também foi levado; depois de adulto dorme o dia inteiro.
Como minha dona é exagerada, hem? Falar que o outro é muito diferente de mim: lindo e comportado! Ele pode ser tranquilo, porém mais bonito do que eu, duvido!
As duas prosseguiram conversando, e eu, o alvo das reclamações de Nelma.

Outra perigosa travessura na 4ª-feira.
* Cantor nascido no País de Gales.

sexta-feira, 30 de março de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

“Lembrem-se do Todo Poderoso, que nos deu o cão como companheiro de nossos prazeres e de nosso trabalho, investindo-o de natureza nobre e incapaz de causar decepções” Sir Walter Scott *   





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Se existe uma coisa que gosto de fazer é desamarrar os laços de tênis e de sapatos com cadarço. Minha dona esconde todos de mim. O mesmo faço com as portas dos boxes que vivem amarradas com uma fita pra que eu não entre. Muitas vezes, consigo desamarrar esses laços. Sou perito nisto. Também desabotoo fivelas de sandálias. Tenho ou não tenho predicados? Nelma acha interessante minha habilidade, mas não a aprova! Como agradar aos humanos? Difícil!
Desde pequenino, eu olhava a rua com admiração. Não via os riscos que minha dona apontava: carros correndo, cães bravos maiores do que eu, pessoas que maltratam animais. Eram muitas coisas ruins que em minha cabeça não existiam. Achava que Nelma dizia aquilo pra me amedrontar, contudo nunca senti medo.
Mas um belo dia Coda, o Pitbull, estava na rua com seu dono. Súbito, surgiu do nada um Rottweiler enorme, morador do bairro, indo na direção de meu vizinho que imediatamente recebeu ordem pra afastar-se do agressor. Deu meia-volta, mas o outro foi atrás dele. O dono do Rottweiler veio correndo aos gritos. Como se isso fosse conter o bravo animal. Este chegou mais perto de Coda que o ignorou. O oponente, no entanto, latindo alto, encarou-o com raiva. Queria briga. Os cães engalfinharam-se. O dono do Rottweiler não conseguiu contê-lo e ao tentar separar os animais caiu. Nada grave! Coda, porém, largou o agressor cumprindo a nova ordem. Afinal, cada cachorro acompanhou o respectivo dono pra alívio dos que assistiam à violenta cena.
Dizem que briga de Rottweiler e Pitbull não acaba bem. Pelo visto, essa teve um final inesperado. Não houve vítima.
Tive de concordar com Nelma, a rua pode ser perigosa. Não é lugar pra um cãozinho de meu tamanho. Ela afirma que cachorro de porte grande e bravo deve sair com coleira, guia e focinheira.
Minha dona nunca se esqueceu de Luma, da raça Rottweiler, que viveu dez anos. Kika, cachorrinha moradora de rua, veio fazer companhia à cadela a fim de acalmá-la. Deu certo. As pessoas da casa ficaram livres dos pulos de Luma que poderiam jogá-las ao chão. A Rottweiler demonstrava claramente a preferência por Nelma. Ninguém se aproximava de sua dona que a chamava de doce. Luma não saía de casa porque gostava do quintal, o oposto de mim. Ah! Se eu pudesse passear! Seria mais feliz do que sou. Tenho certeza de que Cacau e Kika pensam assim.

Não percam o susto de Nelma na 2ª-feira (02/04/12).
*  Romancista, poeta e advogado escocês.

quarta-feira, 28 de março de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


“O erro da ética até o momento tem sido a crença de que só se deve aplicá-la em relação aos homens.”  Albert Schweitzer *

  

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Não cumprindo ordem médica, Nelma nessa segunda fase do pós-operatório livrava-me do tal cone na hora do almoço e só o colocava depois do jantar. No entanto, não desgrudava de mim pra que eu não coçasse as partes afetadas. Aos poucos, meu olho voltou ao normal. Quando retornei à médica após uma semana, ela retirou os pontos. Mas a “bolsa” que se formou no local de um dos cortes, parecendo de água, não desapareceu mesmo com o diurético que tomei. Foi minha dona que chamou a parte inchada de “bolsa”. Esta não me atrapalhou, continuei aprontando. A coitada da Nelma, porém, não se conformava ao ver os pulos que eu dava pra apanhar qualquer coisa que eu quisesse e estivesse fora de meu alcance.
Os animais não são encucados como os humanos. Problemas de saúde, nós tiramos de letra. Nem me importei com a dita “bolsa”, ao contrário de minha dona que a examinava a toda hora pra ver se estava diminuindo.
A doutora garantiu que o organismo se encarregaria de fazê-la sumir. Demorou, mas livrei-me da “bolsa”. A Nelma ficou mais feliz do que eu! Preocupa-se demais com a gente!
Deixando no esquecimento as coisas tristes, quero falar de Zeus. Ele e Belão se entenderam depois de umas semanas de resistência do gato.
Zeus é meio parecido comigo e com a Cacau no que diz respeito a fazer o que não pode. Outro dia, ouvi a Nelma e a mãe de Pedro, o dono de Zeus, conversando. O assunto, a última traquinagem do Bebezão, como minha dona carinhosamente o tratava.
Era um dia chuvoso, e ele estava na rua pra fazer suas necessidades. Ao perceber que o leite que vem da fazenda tinha acabado de chegar, correu na direção da carroça do entregador e se meteu embaixo dela. Quando saiu de lá, estava coberto de barro. A mãe de Pedro, ao topar com Zeus adentrando pela sala bem decorada e lançando barro em todas as direções, foi atrás dele “cuspindo fogo”. Dá pra imaginar a sujeira que o Bebezão fez no piso claro da casa. Eu não queria estar na pele de meu amigo!
As duas reclamavam, uma de mim e a outra de Zeus. Apesar das reclamações, elas aguentavam nossas travessuras. Nelma aconselhou-a a que procurasse um bom adestrador para o cão. Embora ele tivesse de ausentar-se de casa; ao voltar, não causaria mais problemas, garantiu minha dona.
Da mesma forma que o Zeus, eu amava a rua, porém duvidava de seus perigos, até que um dia presenciei algo realmente perigoso.

Somente na 6ª-feira vocês vão saber o que aconteceu!
* Teólogo, músico e médico alsaciano.  Prêmio Nobel da Paz – 1952.

segunda-feira, 26 de março de 2012

MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)



"Só quem teve um cão sabe o que é ser amado.”
Friedrich Nietzsche *


10

Nelma aborrecida por causa do meu olho vermelho indagou à veterinária a razão daquilo. A doutora respondeu que foi um acidente quando o enfermeiro colocou no meu pescoço o cone, acessório indispensável pra impedir que eu mexesse nas partes afetadas.
Após a cirurgia fiquei triste. Mas não havia outra solução, precisava ser operado pra evitar doença grave no futuro. Minha dona sofreu mais do que eu!
Passei três dias quieto, pois doía bastante. Soube que os médicos veterinários não dão remédio pra aliviar a dor, a fim de que os animais permaneçam imóveis e, assim, não arrebentem os pontos. Pra mim é cruel; pra eles, o certo.
Na hora de fazer as necessidades, ia à varanda no colo de Nelma que também me dava as refeições na boca e vários comprimidos. Bebia água sozinho graças ao meu bebedouro.
No quarto dia pós-operatório, apesar de sentir um pouco de dor, comecei a fazer estripulias, como mexer nas plantas, correr, pular, o que deixava Nelma nervosa tentando segurar-me. Durante nove dias, não consegui comer sozinho por causa do desagradável cone. De manhã até à noite, tinha sempre alguém no meu pé, pois eu agia como se nada tivesse acontecido comigo. Minha dona ameaçava:
– Quando você ficar bom, vai levar uns tapas! Desta vez, vai mesmo!
Acham que isso aconteceu? Claro que não! Mas nada que ela faça ou deixe de fazer por mim diminui o amor que trago no coração. Nós, cães, amamos com intensidade.
Nelma, naquela época, ainda reclamava do comportamento de Cacau e enaltecia Tostão e Dandara. Eu fingia não escutar o elogio e saía de perto dela, senão sobrava pra mim. Admito, porém, que sempre fui mais atrevido, rápido e pidão do que Cacau e Kika.
Todas as vezes que minha dona estava bebendo café, fitava-a com olhar de súplica. Ela me entendia, porém não me deixava provar uma gotinha sequer. Certo dia, ouvi:
– Yan, se você beber café vai dar cambalhota!
Que pretendia dizer com essas palavras? Eu ia ficar mais agitado por causa do café? Virar no ar? Ah! Ela estava zombando de mim! Eu mereço!
Por ser desobediente, prejudiquei os pontos dos cortes, e a doutora não pode tirá-los no nono dia.
Como Nelma reclamou! Era um blá-blá-blá sem fim. Disse que o Tostão se comportava bem quando ficava doente. E arrematou:
– É isso aí, quem não tem juízo ou é desobediente sofre as consequências de seus atos.



Pra vocês uma travessura de Zeus na 4ª-feira.


* Filósofo, pensador e filólogo alemão.

sábado, 24 de março de 2012

MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

"Se você não tem um cachorro – pelo menos um –, não há necessariamente alguma coisa errada em você, mas pode haver alguma coisa errada em sua vida."
Vincent Van Gogh *




9


Nelma sabia quase tudo a respeito de meus ancestrais que tiveram um início de vida romântico e quase acabaram tragicamente. Ela prosseguiu com a narrativa. Eu e Mariana estávamos atentos.
– No início do século passado, esses pequenos animais foram criados por ricas famílias chinesas. Mas ao ser a China invadida pelo Japão, em 1937, a raça quase desapareceu. Só não foi extinta porque criadores ingleses haviam importado vários Shih-tzus.
– Importado? – perguntou Mariana.
– Os ingleses compraram na China os cães Shih-tzus evitando assim sua extinção.
– Ainda bem! Já imaginou se não existisse essa raça, o Yan não teria nascido?
Nelma sorriu e concordou:
– É verdade, Mariana! Já me acostumei com Yan. Lamento que não seja obediente!
– Ele é tão carinhoso!
E sou mesmo! Deixei-as naquele bate-papo e sem alternativa fui beber água no meu bebedouro. Estava com sede.
Tenho outra amiga, a Mara, a gente se conheceu na loja. Lembram-se? Ela é minha madrinha e de vez em quando vem me visitar. Amei o presente que me deu. Coloquei-o junto de meus brinquedos espalhados pelo chão.
-- * --
A tristeza acompanha a felicidade porque a vida não é feita só de alegria, escutava a Nelma falar. E não é mesmo, tive de concordar.
Numa das visitas à médica veterinária, ficamos sabendo que eu precisava ser operado. Além de ter uma hérnia, tinha um testículo interno. Uma semana após essa conversa, voltamos à clínica. Fui internado. Uma jovem levou-me para um cubículo com grade que ficava num salão enorme onde havia outros cachorros na mesma situação, isto é, enjaulados. Não gostei do local. As horas passavam devagar. Mais tarde, um rapaz de roupa branca carregou-me até à sala de cirurgia. De repente, tudo escureceu. Dormi. Ao acordar estava novamente na jaula. No outro dia, Nelma foi buscar-me; assustou-se quando viu meu olho esquerdo muito vermelho. Perguntou:
– Que aconteceu com o olho do Yan? Também foi operado? – desdenhou.
– A doutora explica pra senhora o que aconteceu – respondeu a jovem que estava comigo no consultório.

Na 2ª-feira (26/03/12), superação.* Pintor holandês.

quarta-feira, 21 de março de 2012

MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


“Gatos amam mais as pessoas do que elas permitiriam. Mas eles têm sabedoria suficiente para manter isto em segredo.” Mary Wilkins *





8

Temos outro vizinho, o gato Belão. Ele é semelhante ao gato das Florestas Norueguesas. Conta Nelma que Belão ficava na nossa varanda namorando a Dandara que o olhava através da tela que cobre a janela do escritório. Após alguns minutos de troca de olhares, a gatinha descia da janela, deixando Belão com cara de bobo. Ele então ia embora.
Pra enriquecer ainda mais a vizinhança chegou Zeus, um Golden Retriever. Ele foi morar na casa de Belão. Como será que o gato vai tratá-lo?
Nelma acha todos os animais domésticos bonitos, principalmente eu. Fiz amizade com o Coda e com o Zeus. Eles na calçada, e eu protegido pela tela que cobre a metade da grade do jardim.
-- * --
Nelma também pesquisou no computador minha origem. A raça Shih-tzu é o símbolo do amor impossível. Ela contou a Mariana que há muitos e muitos anos uma princesa chinesa e um jovem mongol (povo existente no Tibet) se apaixonaram, mas como esse amor era impossível, eles resolveram perpetuá-lo através de dois cães, um Pequinês, originário da China, e uma Lhasa Apso, do Tibet. Do cruzamento desses dois cães surgiu a raça Shih-tzu, este nome é do dialeto chinês antigo e significa “cão leão”.
– É verdade, Nelma? – quis saber Mariana.
– Existem muitas lendas sobre a origem da raça Shih-tzu.
– O Yan é tão fofinho!
Mariana olhou-me com carinho passando a mão nas minhas costas. Sua amizade é sincera. A garota gosta de mim e de minha dona, e nós gostamos muito dela.
Nelma levantou-se e disse:
– Vou fazer um suco de limão. Mariana fique de olho no Yan. Já volto!
Engraçado! Por que todos têm que tomar conta de mim? Não demorou, Nelma trouxe uma bandeja com uma jarra, dois copos e um prato com biscoitos. Pelo cheiro, eram de nata, os que raramente Ju me dá escondido de Nelma. Esta encheu um copo de suco e entregou à Mariana, depois se serviu, e eu, nada! Fitava-as com vontade de beber o suco e saborear os deliciosos biscoitos. Nenhum pedacinho de biscoito caiu no chão. Fiquei com água na boca.

Não percam! Nelma vai contar a tragédia que envolveu meus antepassados na 6ª-feira próxima.
* Escritora americana.

segunda-feira, 19 de março de 2012

MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


“Se excluirmos o fumo e o jogo, veremos com surpresa que quase todos os prazeres de um homem podem ser, e quase sempre são, compartilhados com seu cão.” George Bernard Shaw *


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Nelma, apesar de gostar de mim, não perdia o hábito de queixar-se às amigas:
– O Yan é muito bagunceiro! Até os arranjos de flores da sala e da varanda o incontrolável cãozinho estragou sem mencionar os prejuízos maiores.
– Ele é bebê! Não demora e para de fazer arte! – elas sempre me defendiam.
– Não sei, não! Yan vai completar um ano!
Eu não ligo às reclamações de minha dona! Todo o mundo me acha bonito. Se alguém me elogia, Nelma esquece as travessuras que faço.
Às vezes, jantamos no mesmo horário. Uma noite, ao perceber que meu prato estava cheio, e eu a olhava imóvel, ameaçou-me:
– Se você não comer, não lhe dou ricota de sobremesa!
Diante da advertência, engoli a comida e fiquei de olho em Nelma que, ao acabar de jantar, me fitou e viu meu prato vazio. Falou admirada:
– Você comeu tudo depressa... Entendeu minhas palavras. Estou encantada!
Hum! Claro que entendi. Só não faço o que não quero. Ficar sem ricota, nem pensar! Eu aprecio demais essa iguaria! A ração seja lá de que marca for é horrível. Experimentem! Vocês vão me dar razão! Garanto que mudam a dieta de seus cães! Nelma já comprou rações diferentes. Todas são ruins. A minha sorte é que ela a mistura com carne moída cozida e cenoura. Aí dá pra encarar! A Cacau e a Kika comem ração com arroz e carne moída. Já meu cãozinho de pelúcia não precisa de alimento. Melhor pra ele!
As duas do quintal são mais conformadas do que eu com referência à alimentação, aliás, com referência a tudo!
Nós temos vários vizinhos. Existe o Coda, um Pitbull bonitão e aparentemente educado. Ele não gosta do Toquinho, da raça pura brasileira, parecido com a Cacau, que mora do outro lado da rua. Se o bonitão pegá-lo não há educação que evite uma tragédia. Já reparei que Toquinho não foge de casa do jeito que fazia antes do Coda aparecer. Ele agora corre desconfiado pela nossa rua, mas se perceber que o portão da casa do inimigo está aberto dá meia-volta. Deixa o passeio pra mais tarde.
Quem mandou implicar com um cão forte e temido por muita gente? Foi Toquinho que iniciou a guerra, pois ao passar pelo portão do outro, latia pra atazanar quem estava quieto. Eu não corro nenhum perigo, pois quase não saio nem consigo fugir. Toquinho e Coda não são meus únicos vizinhos do reino animal.

Como surgiu minha raça. Leiam na 4ª-feira.
* Escritor, jornalista e crítico literário irlandês. Prêmio Nobel de Literatura – 1925.

sexta-feira, 16 de março de 2012

MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)
“Falai aos animais, em lugar de lhes bater.”                               
                                                                              Leon Tolstoi *



6

A Kika quando foi morar com a Nelma já era adulta, daí não lhe deu nenhum trabalho. Ao contrário de Cacau que ainda bebê fez muitas artes. Embora ela fosse constantemente ameaçada de apanhar, jamais levou uma surra! Minha dona vive dizendo: “Yan, vou lhe dar uns tapas!”, mas nunca me bateu. 
Eu dentro e fora de casa tenho de ser vigiado por causa dos móveis, dos arranjos e das plantas; Cacau do lado de fora destruindo arbustos, flores, comendo terra e puxando roupa do varal. Que turminha brava, hem!
As pessoas que lidam com os cães sabem que eles são levados e desobedientes na infância, portanto não deviam se aborrecer com suas estripulias. Não as entendo!
A vida de animal de estimação é repleta de novidades pra nós e nossos donos. As travessuras às vezes lhes dão prejuízo, mas a maioria acaba se conformando, pois nos ama e tem paciência com a gente. Em contrapartida, desde pequeninos, os cães amam incondicionalmente seus donos; sentem sua falta; acham que eles são os mais bonitos do mundo; se castigados não guardam rancor; não podem viver sem sua companhia; levam a vida do jeito que eles querem; são carinhosos e gostam de carinho; protege-os mesmo sendo do meu tamanho, pois tenho dentes bem afiados.
-- * --
Quando bebê não gostava de tomar banho. Não era por causa da água, mas por causa do barulho do secador. No dia do banho, aos sábados, ao ver Melissa, fugia dela.
Certa vez, fiz algo que um cachorrinho educado não faz. A Nelma ficou brava na hora, mas depois achou graça.
Vocês sabem que os cães da raça Shih-tzu gostam que cocem sua barriguinha. Nessas ocasiões, deitamos de barriga pra cima. Mas naquele dia, minha intenção não era receber carinho de Melissa. Assim que me deitei de costas, ela coçou minha barriga. Súbito, um jato de xixi jorrou pra cima e caiu em seu braço. Melissa não se aborreceu comigo. Pelo contrário, desculpou-me por saber que eu detestava banho. Limpou-se, pegou-me no colo, enfiou-me na gaiola que fica no banco de trás de seu carro. Logo chegamos ao local apropriado pra banho e tosa de animais. Começa o sufoco: Água jorrando em quantidade absurda em cima de mim. Sou obrigado a fechar os olhos por causa daquele mundo de espuma que não acaba nunca! Esfrega daqui, esfrega dali! O barulho do secador é insuportável! Depois de uma hora, penso que estou livre, mas falta o enfeite que prende os meus maravilhosos pelos no alto da cabeça. Saio de lá limpo, seco e perfumado. Quando chego, Nelma me abraça e diz que estou lindo! Eu sei o que passo todas as semanas nas mãos de Melissa pra ficar daquele jeito!

Conheçam na 2ª-feira (19/03/12) meus vizinhos do mundo animal.
* Escritor, pensador e militar russo.

quarta-feira, 14 de março de 2012

MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

"Os animais foram criados pela Mão caridosa de Deus, a mesma que nos criou... É nosso dever protegê-los e promover seu bem-estar."  Madre Teresa de Calcutá *




5

Os cachorros da minha raça têm problemas nos olhos e usam colírio. Eu não fugi à regra. Além do colírio, Nelma limpa meus olhos com soro fisiológico. Não gosto! No início, dava trabalho pra que ela seguisse a ordem da médica veterinária. Embora eu ficasse contrariado, depressa esquecia tudo e continuava aprontando!
Durante um tempo, a decoração de nossa casa sofreu algumas modificações por minha causa. Na mesa do centro da primeira sala, Nelma tirou os enfeites porque com a patinha jogava tudo em cima do tapete. Na mesa da sala de almoço, só colocava toalha na hora das refeições e me deixava longe da sala, senão com a boca puxava a toalha para o chão e o que estivesse sobre ela.
Tinha uma cama em que nunca me deitei, arrastava-a pela casa. Quando cresci um pouco, ganhei um sofá que pode virar cama. Também não usei. Nelma dizia que ele era bonito, azul com estampa colorida de animais, carrinhos e outras figuras. Apesar de as tentativas, não estraguei o sofá. Nelma colocou-o fora de meu alcance na esperança de que um dia eu durma nele. No seu escritório, só entro acompanhado, pois os fios do computador me atraem. Minha intenção é brincar com eles, mas todos garantem que vou estragá-los. Acho que é implicância comigo. Estou errado? Eu dou motivos pra Nelma me considerar um cãozinho especial. Tenho certeza disso!
Minha dona é muito religiosa. Pra que eu não fizesse barulho na hora da novena que acompanha diariamente, ela me levava para o quarto e antes de ligar a televisão me mandava permanecer quieto. E não é que eu a obedecia?
Hoje, não há necessidade de recomendação, assisto à novena diariamente e, aos domingos, à missa e à novena sem dar um pio. Difícil de acreditar, hem? Mas é a pura verdade!
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Na nova moradia, encontrei duas cachorras que têm uma casa de madeira no quintal: Kika, adulta e Cacau meses mais velha do que eu. Pra Nelma, elas são da raça pura brasileira. As outras pessoas as chamam de vira-lata. Fiz amizade com Cacau. A gente brincava quando ela ia à varanda com a Kika. Isto acontecia raramente. Minha dona tinha medo de que Cacau me machucasse com suas unhas grandes e afiadas. Tantos cuidados atrapalhavam, ou melhor, atrapalham meu viver!
Nelma ama os animais e sofre quando os vê sofrendo. Acho que é por isto que não consegue nos educar. Nós fazemos o que desejamos, e quando a arte ultrapassa a barreira da tolerância é um “deus nos acuda”!
Sufoco no capítulo de 6ª-feira. Confiram!
* Nascida na República da Macedônia e naturalizada indiana. Prêmio Nobel da Paz – 1979.