domingo, 2 de março de 2014

Carnaval de ontem e de hoje



A partir de agora, eu e você vamos entrar no túnel do tempo, e nossa viagem vai começar há mais de cem anos com o início do carnaval no Brasil que, aliás, é muito discutido. Vou escolher este caminho: Por duas rotas chegou o carnaval ao Brasil. A primeira, partindo da África, de onde os negros, juntamente com seus cantos e suas danças, trouxeram, sem querer, a semente do carnaval. A segunda, europeia, chamava-se entrudo – carnaval de então que consistia, basicamente, em jogar de tudo em todos – e a tradição do Zé Pereira, ambos originários de Portugal. Houve a união dessas duas culturas que, além da bonita mulata, nos deu o carnaval.
A primeira música oficial do nosso carnaval foi “Ó abre alas”, de Chiquinha Gonzaga (1899), inspirada na cadência dos negros que dançavam ao som de instrumentos primitivos.
No Rio de Janeiro havia o desfile das Sociedades, carros alegóricos bem inferiores aos das escolas de samba. O desfile em carros de capota arriada chamava-se corso, realizado nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Até 1920, os compositores não faziam músicas exclusivamente para o carnaval. As músicas eram as do ano todo. Depois vieram as músicas só para o carnaval, e, posteriormente, músicas para o carnaval e outras de meio de ano, que faziam sucesso também no carnaval. Hoje, existem poucas composições para a festa de Momo. Diante da falta de compositores carnavalescos, os foliões voltaram ao início do século passado.
A crescente ascensão das escolas de samba acabaria lançando, ao lado das batucadas inspiradas na sua percussão, o samba-enredo capaz de fazer sucesso inclusive nos salões. O AMANHÃ, samba-enredo, de João Sérgio, da União da Ilha, RJ, em minha opinião é um dos mais bonitos.
O desfile das escolas de samba tornou-se a atração principal do carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Os carnavais de décadas passadas eram bem mais alegres. Havia o carnaval de rua, quando as famílias organizavam pequenos blocos, desfilando alegremente. Hoje, existem grandes blocos, mas os pequenos ficaram na saudade.  
O banho de mar, de cachoeira e de rio à fantasia, era uma divertida brincadeira com as fantasias de papel vestidas em cima de maiôs e calções.
O lança-perfume tinha a finalidade de ser lançado em jato no corpo dos foliões, menos nos olhos, por arder bastante. O contato com a pele era muito agradável. É uma pena, que o uso do lança-perfume tenha sido degenerado, a ponto de ser proibido!
E o concurso para a escolha das melhores músicas carnavalescas? Ele despertava interesse nos compositores e nos foliões. Estes, através das rádios, aprendiam as músicas e torciam por suas favoritas.
No início do século XX, o Barão do Rio Branco, em sua sabedoria, afirmou: “Existem, no Brasil, apenas duas coisas organizadas – a desordem e o carnaval.”.
Será que ele, apesar de ter morrido há tantos anos, ainda tem razão?

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