A partir de agora, eu e você vamos entrar no túnel do
tempo, e nossa viagem vai começar há mais de cem anos com o início do carnaval
no Brasil que, aliás, é muito discutido. Vou escolher este caminho: Por duas
rotas chegou o carnaval ao Brasil. A primeira, partindo da África, de onde os
negros, juntamente com seus cantos e suas danças, trouxeram, sem querer, a
semente do carnaval. A segunda, europeia, chamava-se entrudo – carnaval de
então que consistia, basicamente, em jogar de tudo em todos – e a tradição do
Zé Pereira, ambos originários de Portugal. Houve a união dessas duas culturas
que, além da bonita mulata, nos deu o carnaval.
A primeira música oficial do nosso carnaval foi “Ó abre
alas”, de Chiquinha Gonzaga (1899), inspirada na cadência dos negros que
dançavam ao som de instrumentos primitivos.
No Rio de Janeiro havia o desfile das Sociedades, carros
alegóricos bem inferiores aos das escolas de samba. O desfile em carros de
capota arriada chamava-se corso, realizado nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Até 1920, os compositores não faziam músicas
exclusivamente para o carnaval. As músicas eram as do ano todo. Depois vieram
as músicas só para o carnaval, e, posteriormente, músicas para o carnaval e
outras de meio de ano, que faziam sucesso também no carnaval. Hoje, existem
poucas composições para a festa de Momo. Diante da falta de compositores
carnavalescos, os foliões voltaram ao início do século passado.
A crescente ascensão das escolas de samba acabaria
lançando, ao lado das batucadas inspiradas na sua percussão, o samba-enredo
capaz de fazer sucesso inclusive nos salões. O AMANHÃ, samba-enredo, de João
Sérgio, da União da Ilha, RJ, em minha opinião é um dos mais bonitos.
O desfile das escolas de samba
tornou-se a atração principal do carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Os carnavais de décadas passadas eram bem mais alegres.
Havia o carnaval de rua, quando as famílias organizavam pequenos blocos,
desfilando alegremente. Hoje, existem grandes blocos, mas os pequenos ficaram
na saudade.
O banho de mar, de cachoeira e de rio à fantasia, era uma
divertida brincadeira com as fantasias de papel vestidas em cima de maiôs e
calções.
O lança-perfume tinha a finalidade de ser lançado em jato
no corpo dos foliões, menos nos olhos, por arder bastante. O contato com a pele
era muito agradável. É uma pena, que o uso do lança-perfume tenha sido
degenerado, a ponto de ser proibido!
E o concurso para a escolha das melhores músicas carnavalescas?
Ele despertava interesse nos compositores e nos foliões. Estes, através das
rádios, aprendiam as músicas e torciam por suas favoritas.
No início do século XX, o Barão do Rio Branco, em sua sabedoria,
afirmou: “Existem, no Brasil, apenas duas coisas organizadas – a desordem e o
carnaval.”.
Será que ele, apesar de ter morrido há tantos anos, ainda
tem razão?
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