sexta-feira, 6 de abril de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

“Somente o animal doméstico, cão ou gato, ama sem impor condições, sem limite de tempo, sem cobrança; apenas ama e zela!”   Neide Martins  *



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Se eu desejo algo, mordo de leve no calcanhar de quem estiver perto de mim. Nelma entende o significado desse gesto e reclama afirmando que o Tostão latia de modo diferente pra pedir o que desejava, e Dandara falava com os olhos.
Vocês estão percebendo quantas vezes minha dona cita o Tostão? E agora acrescentou a Dandara. Será que também vou ser comparado à gata? Animal que eu detesto! Era só o que me faltava! 
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Ainda não descrevi a aparência das duas do quintal. Kika, comprida e baixa, tem o corpo coberto de pelos brancos com pintas pretas, as orelhas e em volta dos olhos os pelos são pretos. Cacau, todinha da cor de mel, focinho preto, esguia, é grandona.
Eu constantemente as observava no quintal. Notei que naquele lugar, muito maior do que a varanda, meu território, teria oportunidade de correr bastante. Bolei um plano. Parei de fazer as necessidades fisiológicas. Nelma pensou em levar-me à médica; antes, porém, resolveu submeter-me a um teste. Em seu colo, fui ao quintal. Logo que me soltou, corri, fiz bastante xixi, em seguida, cocô. Ela concluiu que mais uma vez consegui impor-lhe minha vontade. Valeu! Eu ia percorrer um espaço grande. Só não podia brincar com a Cacau. Nessas ocasiões, Kika e Cacau ficavam presas no quarto da bagunça de olho em mim, através da grade de um pequeno portão de ferro aproveitado da antiga horta.
Quando serei digno de confiança? Livre da vigilância de minha dona e de outras pessoas podendo correr pelo quintal ao lado de Cacau, pois a Kika nunca brincou comigo. No entanto não é tudo que existe no quintal que eu gosto. Escorregar na rampa é ruim! Ela foi construída na época em que Luma adoeceu e não conseguia subir o degrau alto que a levava à sua casa.
Nelma coloca-me deitado na parte superior da rampa e com um leve empurrão em minhas costas, eu deslizo até embaixo. Pra completar meu aborrecimento, ri de mim. Brincadeira de mau gosto! Assim que posso, saio dali correndo. Do quarto da bagunça, Cacau e Kika observam a gente. Queria saber o que elas pensam sobre isso. É lógico que nunca vão me dizer!

Eu tenho guarda-costas. Vejam o que vai acontecer na 2ª-feira (09/04/12)
* Escritora, jornalista e advogada nascida em Minas Gerais.

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