MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)
“Dos cães, às
vezes, perdemos a confiança, nunca o amor! Mas sempre nos perdoam, pois sabem
que somos imperfeitos.” André
Dorta *
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Gente, eu reconheço que fui terrível! Agitação e teimosia
fizeram parte de minha infância. E Nelma sempre agiu como se fosse um
guarda-costas do sexo feminino! Vocês precisam vê-la em ação: anda perto de
mim, corre quando eu corro, para quando eu paro, tenta não me deixar abocanhar
nada. É ou não é guarda-costas? Isto acontece até hoje. Pois bem, numa noite, ela
vacilou. Quando tirou o que restava da planta de minha boca, eu já engolira uma
folha. Na madrugada, acordei e lati durante quatro horas sem parar. Tudo que
Nelma fez pra me acalmar foi em vão. Lembrou-se da tal planta e supôs que meu
comportamento fosse causado pela ingestão da mesma. Em voz alta, indagou: “Será
que o Yan engoliu uma planta alucinógena?” Após passar aquelas horas de horror,
dormi o dia inteiro e quase não me alimentei. À noite, ainda ouvi:
– O Tostão nunca fez algo que colocasse sua vida em risco,
e você ultimamente não faz outra coisa!
Tostão de novo? Minha dona não se esquece dele nem me deixa
esquecê-lo. Mas existe algo que faço, e ele não fazia. Quando sinto fome, levo
meu pratinho até onde Nelma está. Ela sorri, pois sabe o que eu quero. Vai à
dispensa e põe ração no prato. Embora não goste de comê-la pura, devoro-a num
instante. Quem aguenta ficar com o estômago vazio?
-- * --
Minha dona também não é perfeita. Prometeu-me uma a festa
de aniversário e não cumpriu com a promessa. Nem se justificou por que falhou
comigo.
Puxa! Eu não devia reclamar! Nelma mudou um de seus
costumes por minha causa. Dormia tarde e levantava-se tarde. Hoje, às sete
horas, basta eu pôr as patinhas dianteiras em sua cama, do lado em que ela
está, e latir baixinho que se levanta e me leva ao quintal. Apesar de fazer
minha vontade, não perdeu o hábito de reclamar.
Kika e Cacau amam a Nelma e são correspondidas. Eu prefiro
a Cacau. Ela demonstra gostar de mim. As duas cachorras dão-se muito bem.
Sempre as vejo atravessando o quintal em disparada. Brincando
ou descansando, as duas percebem qualquer barulho estranho e logo avisam
latindo sem parar. Infeliz de quem entrar no quintal sem ser convidado! Uma novidade:
Cacau parou de fazer arte.
No próximo capítulo encerro minhas confidências que
envolveram vários vizinhos. E por falar em vizinho, o Zeus está sendo adestrado
numa cidade perto daqui. Às vezes, vem passar o fim de semana com o dono.
Na 4ª–feira, nosso derradeiro encontro.
* Professor
e consultor de Informática nascido em São Paulo.
MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)
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