quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cordel Encantado

Cordel Encantado
Todo e qualquer encantamento poderia acontecer na bem elaborada novela de Thelma Guedes e Duca Rachid, Cordel Encantado. Comecei a vê-la por causa dos elogios que lhe faziam minhas amigas.
A história de um modo geral encantou o telespectador. O decepcionante foi aparecer no último capítulo um cidadão se dizendo proprietário da fazenda dos irmãos Timóteo e Antonia e, para piorar a triste notícia, ele estava acompanhado do facínora Zóio-Furado, fugitivo da justiça. E o Profeta Miguezim justificou aquele acontecimento imprevisto afirmando que a maldade sempre vai existir! É claro que infelizmente ela vai existir, mas não podia aparecer no final dessa novela! Puxa vida! Até num folhetim encantado, os menos favorecidos têm má sorte!
O Profeta Miguezim lembrou-me Antonio Conselheiro, e o que ele viveu no sertão nordestino, século XIX. Conselheiro vestia-se com um camisolão, tinha barbas e cabelos longos e não se separava de seu cajado. Era amado pelo povo do sertão por onde passou e visto por alguns como um messias ou um profeta. Ele fez da aldeia Canudos uma comunidade organizada, religiosa e produtiva que cresceu rapidamente; no entanto, a aldeia acabou tendo seus habitantes dizimados e suas moradias incendiadas pelos militares na Guerra de Canudos, um dos maiores crimes praticados em nosso território. Este capítulo vergonhoso da história do Brasil está escrito em vários livros, o principal: Os Sertões, de Euclides da Cunha.    
As circunstâncias que envolveram a vida real de Antonio Conselheiro e a vida fictícia do Profeta Miguezim eram diferentes, mas os resultados semelhantes.
O bom da ficção é permitir ao autor dar aos personagens o que eles merecem. Em Cordel Encantado, os colonos mereciam continuar donos do pedaço de terra que lhes deu Antonia.       

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