segunda-feira, 12 de março de 2012

MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

                 “Felizes os cães que pelo faro descobrem os amigos.” 
                                                                                        Machado de Assis *
 
 


 4

 Eu só fazia o que tinha vontade. A planta que estivesse ao meu alcance quase sempre a devorava. Nelma percebeu rápido minha teimosia. Desejava ser dura comigo, mas não era.  
Ao notar que eu mexia nos objetos que alcançava, pulando ou não, tirou tudo das prateleiras baixas, mas aí... Vários estragos eu já tinha feito!     
Quando me contrariavam, deitava de costas e mexia com as patinhas. Quem me viu fazer isso pela primeira vez foi a Ju. Disse que eu parecia um bebê birrento.   
Não é fácil ser cachorro! Ou será que estou sendo rigoroso com as pessoas que me amam, principalmente com a Nelma? Ela cuida de minha alimentação, me leva ao médico e compra tudo que preciso pra tornar minha vida feliz. Por exemplo, brinquedos de todos os tipos. Eu gosto mais de um cachorrinho de pelúcia e de uma bolinha azul. Ela corre pra debaixo dos móveis onde não consigo entrar, pois cresci. Se me lembro dela, paro em frente ao móvel no qual está e começo latir. Minha dona vive reclamando por ter de apanhá-la pra mim. Ameaça jogá-la fora, mas não joga.    
Ah! Tenho uma amiguinha, Mariana. É uma garota bonita, inteligente e estudiosa. Mora aqui perto e todos os dias me visitava após sair da escola. Eu e Mariana nos damos bem. Ela coça minha barriga. Se me segura nos braços, quase caio no chão. Não me zango por causa disso.   
O professor Renato, um gênio da Informática, tirou fotos de mim e de Mariana. Nós ficamos muito bonitos, eu mais do que ela, é claro. Nelma colocou uma das fotografias num lindo porta-retrato e deixou-o na sua galeria de fotos de parentes e amigos. Lá estão também as do Tostão com a amiguinha Cláudia e da Dandara, a gata que Nelma criou e também virou livro.   
Por causa dos estudos, a avó de Mariana agora não permite que ela venha aqui diariamente. Não acho que sua avó esteja certa, sou ótima companhia!     
Minha dona diz que, por ser compulsivo e arteiro, passo o dia fazendo o que não devo; à noite, porém, durmo igual a um anjinho. E os anjos dormem?   
Apesar de eu ser alegre, carrego comigo um problema que nenhum médico veterinário ainda conseguiu resolver.      

Na 4ª-feira, vocês saberão que problema é esse.
* Escritor e poeta nascido no Rio de Janeiro. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente.

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