sexta-feira, 30 de março de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)

“Lembrem-se do Todo Poderoso, que nos deu o cão como companheiro de nossos prazeres e de nosso trabalho, investindo-o de natureza nobre e incapaz de causar decepções” Sir Walter Scott *   





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Se existe uma coisa que gosto de fazer é desamarrar os laços de tênis e de sapatos com cadarço. Minha dona esconde todos de mim. O mesmo faço com as portas dos boxes que vivem amarradas com uma fita pra que eu não entre. Muitas vezes, consigo desamarrar esses laços. Sou perito nisto. Também desabotoo fivelas de sandálias. Tenho ou não tenho predicados? Nelma acha interessante minha habilidade, mas não a aprova! Como agradar aos humanos? Difícil!
Desde pequenino, eu olhava a rua com admiração. Não via os riscos que minha dona apontava: carros correndo, cães bravos maiores do que eu, pessoas que maltratam animais. Eram muitas coisas ruins que em minha cabeça não existiam. Achava que Nelma dizia aquilo pra me amedrontar, contudo nunca senti medo.
Mas um belo dia Coda, o Pitbull, estava na rua com seu dono. Súbito, surgiu do nada um Rottweiler enorme, morador do bairro, indo na direção de meu vizinho que imediatamente recebeu ordem pra afastar-se do agressor. Deu meia-volta, mas o outro foi atrás dele. O dono do Rottweiler veio correndo aos gritos. Como se isso fosse conter o bravo animal. Este chegou mais perto de Coda que o ignorou. O oponente, no entanto, latindo alto, encarou-o com raiva. Queria briga. Os cães engalfinharam-se. O dono do Rottweiler não conseguiu contê-lo e ao tentar separar os animais caiu. Nada grave! Coda, porém, largou o agressor cumprindo a nova ordem. Afinal, cada cachorro acompanhou o respectivo dono pra alívio dos que assistiam à violenta cena.
Dizem que briga de Rottweiler e Pitbull não acaba bem. Pelo visto, essa teve um final inesperado. Não houve vítima.
Tive de concordar com Nelma, a rua pode ser perigosa. Não é lugar pra um cãozinho de meu tamanho. Ela afirma que cachorro de porte grande e bravo deve sair com coleira, guia e focinheira.
Minha dona nunca se esqueceu de Luma, da raça Rottweiler, que viveu dez anos. Kika, cachorrinha moradora de rua, veio fazer companhia à cadela a fim de acalmá-la. Deu certo. As pessoas da casa ficaram livres dos pulos de Luma que poderiam jogá-las ao chão. A Rottweiler demonstrava claramente a preferência por Nelma. Ninguém se aproximava de sua dona que a chamava de doce. Luma não saía de casa porque gostava do quintal, o oposto de mim. Ah! Se eu pudesse passear! Seria mais feliz do que sou. Tenho certeza de que Cacau e Kika pensam assim.

Não percam o susto de Nelma na 2ª-feira (02/04/12).
*  Romancista, poeta e advogado escocês.

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