quarta-feira, 28 de março de 2012


MEU NOME É YAN (Sou o cachorrinho mais levado do planeta)


“O erro da ética até o momento tem sido a crença de que só se deve aplicá-la em relação aos homens.”  Albert Schweitzer *

  

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Não cumprindo ordem médica, Nelma nessa segunda fase do pós-operatório livrava-me do tal cone na hora do almoço e só o colocava depois do jantar. No entanto, não desgrudava de mim pra que eu não coçasse as partes afetadas. Aos poucos, meu olho voltou ao normal. Quando retornei à médica após uma semana, ela retirou os pontos. Mas a “bolsa” que se formou no local de um dos cortes, parecendo de água, não desapareceu mesmo com o diurético que tomei. Foi minha dona que chamou a parte inchada de “bolsa”. Esta não me atrapalhou, continuei aprontando. A coitada da Nelma, porém, não se conformava ao ver os pulos que eu dava pra apanhar qualquer coisa que eu quisesse e estivesse fora de meu alcance.
Os animais não são encucados como os humanos. Problemas de saúde, nós tiramos de letra. Nem me importei com a dita “bolsa”, ao contrário de minha dona que a examinava a toda hora pra ver se estava diminuindo.
A doutora garantiu que o organismo se encarregaria de fazê-la sumir. Demorou, mas livrei-me da “bolsa”. A Nelma ficou mais feliz do que eu! Preocupa-se demais com a gente!
Deixando no esquecimento as coisas tristes, quero falar de Zeus. Ele e Belão se entenderam depois de umas semanas de resistência do gato.
Zeus é meio parecido comigo e com a Cacau no que diz respeito a fazer o que não pode. Outro dia, ouvi a Nelma e a mãe de Pedro, o dono de Zeus, conversando. O assunto, a última traquinagem do Bebezão, como minha dona carinhosamente o tratava.
Era um dia chuvoso, e ele estava na rua pra fazer suas necessidades. Ao perceber que o leite que vem da fazenda tinha acabado de chegar, correu na direção da carroça do entregador e se meteu embaixo dela. Quando saiu de lá, estava coberto de barro. A mãe de Pedro, ao topar com Zeus adentrando pela sala bem decorada e lançando barro em todas as direções, foi atrás dele “cuspindo fogo”. Dá pra imaginar a sujeira que o Bebezão fez no piso claro da casa. Eu não queria estar na pele de meu amigo!
As duas reclamavam, uma de mim e a outra de Zeus. Apesar das reclamações, elas aguentavam nossas travessuras. Nelma aconselhou-a a que procurasse um bom adestrador para o cão. Embora ele tivesse de ausentar-se de casa; ao voltar, não causaria mais problemas, garantiu minha dona.
Da mesma forma que o Zeus, eu amava a rua, porém duvidava de seus perigos, até que um dia presenciei algo realmente perigoso.

Somente na 6ª-feira vocês vão saber o que aconteceu!
* Teólogo, músico e médico alsaciano.  Prêmio Nobel da Paz – 1952.

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